634 FORMAS DE SE FALAR DE FIDEL

Miguel Sader

Existem temas que são fontes inesgotáveis de discussão e reflexão, eventos e personagens que apesar de retratados em inúmeros filmes, livros, séries, músicas, peças, jamais se esgotam; que sempre podem ser narrados a partir de uma nova perspectiva. Basta olhar a quantidade de conteúdo já produzido sobre a II Guerra Mundial, por exemplo. O mesmo acontece com determinados personagens históricos como Hitler, Napoleão, Che Guevara e… Fidel Castro. O principal líder da Revolução Cubana já cansou de ser protagonista de obras literárias tanto de ficção quanto de não-ficção, mas ainda assim existe espaço para abordagens inéditas.

É o caso de 634 WAYS TO KILL FIDEL CASTRO, uma obra para lá de original que reúne em pequenas histórias todas as vezes em que os adversários do comandante planejaram assassiná-lo. O número de tentativas de atentados causa espanto, mas alguns são dignos de admiração pela criatividade. Com o afastamento histórico e a certeza do fracasso de todas essas empreitadas, Fidel tendo vindo a falecer aos 90 anos de complicações naturais da idade, é possível até achar certa graça de tamanha bizarrice: como pode alguém ser alvo de 634 tentativas de homicídio e sair ileso de todas elas?

Para nos contar essas histórias de venenos, bombas e bazucas, somente alguém com acesso privilegiado aos arquivos de segurança do estado Cubano. Essa pessoa é Fabian Escalante, criador dos serviços de inteligência cubanos e ex-diretor do Departamento de Segurança de Estado.

E como só o livro não basta para relatar a resiliência de Fidel, uma série de TV está a caminho. Capitaneada por Jed Mercurio, diretor de “Bodyguard”, e Richard Brown, produtor de “True Detctive” e “Catch-22”, a série ainda não tem previsão para chegar ao público.

A Guerra Fria está entre os temas que têm público leitor cativo no Brasil, sobretudo quando se trata de seus desdobramentos na América Latina. Quando falamos de Fidel Castro, então, personagem polêmico que move legiões de fãs e de haters por aqui, não restam dúvidas da força desse livro. Pois se tem uma coisa em que todos concordam é que sua história e seu legado, para o bem ou para o mal, merecem ser contados uma, duas, três, 634 vezes.