Mais uma Feira do Livro de Londres entregue pela equipe LVB & Co. Equipe que este ano foi excepcionalmente reduzida. Somente Miguel foi a Londres, o que significa dizer uma feira especialmente cansativa, porque concentrar toda a agenda de reuniões em uma pessoa só não é simples. Nessas condições, é natural que se chegue ao final da semana sem voz, com dores espalhadas pelo corpo e a imunidade no chão, mas ainda assim, a experiência vale a pena.
Tendo voado na Quarta-Feira de Cinzas, chegando a Londres na quinta, a programação começou no fim de semana, com o encontro de Miguel com a competente Allison Malecha, da Trellis. No sábado, os dois foram à Tate Modern ver a exposição Ghost & Spirit, do americano Mike Kelley. Depois, aquele pint obrigatório para por o papo em dia. Se soubéssemos que, dias depois, LVB & Co fecharia a venda dos direitos brasileiros da série BAD BILLIONAIRE BOSSES, de Kyra Parsi para a Globo, poderíamos dizer que se tratava de uma celebração, mas era só mais uma reunião pouco ortodoxa. A festa ficará para Frankfurt, com Anna Luiza junto. A feira em si começa oficialmente na terça, porém a segunda-feira pré-LBF é tradicionalmente reservada para reuniões pela cidade. Miguel se encontrou com Chrys Armefti, da 2 Seas, cliente, também coagente para territórios de língua inglesa, Holanda e países nórdicos: catálogos das duas agências na pauta.
Os três dias seguintes foram aquela correria danada que quem está acostumado a essas feiras conhece. Reuniões de 30 minutos, sem intervalos, das 9h às 18h, horário de funcionamento dos pavilhões do Olympia Exhibition Centre, que este ano estava especialmente confuso para o pessoal de “foreign rights”. Nos corredores do International Rights Centre, onde se concentra a maior parte das reuniões, se percebia muita insatisfação com a divisão do hall em dois, sendo necessário fazer check-in e check-out a cada vez que se cruzasse de um para o outro. O que causou mais revolta foi a discrepância entre um lado e outro. Um deles era espaçoso, arejado, com café, banheiros, quiosque de informação e um janelão panorâmico que conferia boa luminosidade ao local. Enquanto isso, no outro lado, agentes se espremiam em um ambiente apertado, barulhento e gelado, sem nenhuma das mordomias listadas. A situação fica ainda mais absurda quando se descobre o critério para definir quem fica de qual lado: os tickets para o lado A, mais descolado, eram os mais baratos, pois ali as mesas não dispunham de tomadas. Pataquada da organização da LBF.
A programação paralela desta temporada LBF também foi movimentada. Em Londres, as reuniões sempre extrapolam o horário das 18h, quando fecha o pavilhão da feira, e editores, agentes e scouts tomam os pubs do bairro de Kensington para continuar trocando ideia sobre livros. Com copo cheio, naturalmente estamos falando de “reuniões” mais descontraídas, mas tão produtivas quanto qualquer uma. Na terça-feira, fechado o Olympia, Miguel esteve com a scout de audiovisual Lilly Maguire, da Dialogue Scouting. A noite fechou com a festa da agência escocesa Jenny Brown Associates, que LVB & Co representa para os mercados brasileiro e português. Já na quarta, os drinks foram com os amigos e clientes Emanuele Malpezzi e Maura Solinas, da italiana Piergiorgio Nicolazzini Literary Agency.
Em termos de tendências de mercado, o que se pode perceber é que a literatura super comercial continua quente mundo afora. Termos como “enemies-to-lovers” e romantasy em alta há algum tempo, seguem muito reproduzidos nos pitches dos catálogos. Isso não significa que não haja espaço para os autores brasileiros representados pela agência, upmarket ou literários em sua maioria. O romance NIHONJIN, de Oscar Nakasato, vencedor do Prêmio Jabuti em 2011 e que ganhou recentemente uma nova edição estonteante da Fósforo, fez brilhar os olhos de coagentes e scouts. Julián Nossa, da BAM Agency, que representa o catálogo da LVB & Co para a França, disse que está apaixonado pelo romance e que gostaria muito de receber um exemplar da edição brasileira. Sorte a dele que Miguel levou consigo na mala o último que sobrava da cota de cortesia da agência. Ficou de presente para o Julián, que garantiu que, quando fechar negócio para Oscar na França, a tradução francesa será feita a partir dele. Dedos cruzados por aqui.




