Leila Name, diretora-geral da LeYa e editora de longa e sólida carreira, traz ideias e pensamentos luminosos sobre o significado de seu trabalho e as lições da pandemia.
VB&M: Qual foi o maior aprendizado desses últimos meses para você?
LN: Olha, recebi essa pergunta e fui tomada, de imediato, da responsabilidade de ser absolutamente sincera, ainda que tangenciasse os limites da “autoajuda”. Vou explicar: trabalho em São Paulo, mas mantenho residência no Rio de Janeiro. Vim ao Rio para uma reunião de trabalho em Niterói naquele que foi o primeiro dia de isolamento social da cidade. Para voltar para a minha casa percorri um longo trajeto, passando por regiões muito e muito carentes e esquecidas, que não são diferentes de outros cantos desse nosso imenso e desigual país e mundo.
Acreditem, desde aquele momento, repito a mim mesma e a todos os meus interlocutores que precisamos mirar, para enxergar plenamente, o tamanho renovado do nosso privilégio: podemos ficar em casa, temos casa e condições básicas de sobrevivência, somados aos recursos intelectuais que nos apoiam ao enfrentamento emocional dessa imensa crise sanitária e moral que nos atinge.
VB&M: O que lhe dá esperança e vontade de seguir em frente?
LN: O que me dá esperança é mesmo o nosso ofício, a razão social de nossas empresas. Sou uma editora e tenho um trabalho fundamental a realizar. Não conheço outra ferramenta de base de transformação social sólida, de construção de sociedades com desenvolvimento econômico e social, em garantias democráticas, que não seja o conhecimento: a produção, edição e veiculação responsáveis de informação e formação. Isso tudo, somado a uma equipe sensacional, que tenho na LeYa Brasil e junto a alguns parceiros.
VB&M: Quais foram as melhores ideias que você teve e aplicou ou viu e apreciou para lidar com os desafios da pandemia e suas consequências?
LN: Realmente os recursos que hoje temos na rede são muito integradores e desde o dia 1 a nossa equipe trabalha em “salas compartilhadas”. Realizamos as nossas tarefas absolutamente online e, quando precisamos, acionamos um ou outro na sala. Não é um ambiente de “Grande Irmão”, não. É mesmo uma sala de trabalho, na qual podemos “chamar alguém à mesa, ou caminhar até a mesa de alguém”. Além do processo de trabalho, nos mantemos unidos e em apoio recíproco.