Acabo de ler “Brasil, Paraíso Restaurável”, de Jorge Caldeira, Julia Marisa Sekula e Luana Schabid (Editora Estação Brasil, 2020). Trabalho de pesquisa profundamente sério, leitura essencial e urgente neste momento de incêndios trágicos e recalcitrantes no Pantanal e de queimadas e desmatamentos criminosos na Amazônia. Momento dramático em que todos nos sentimos impotentes e tememos pelo futuro desse patrimônio de valor incalculável, maior ativo estratégico do planeta, que está em nossas mãos sob os nossos cuidados.
A partir de nossa matriz energética, a leitura logo nos sacode e faz pensar sobre o que queremos como brasileiros, nos ajudando a entender quem fomos, quem somos e, sobretudo, quem poderemos ser. Por meio de relevantes informações históricas, descobrimos o talento, a habilidade e o imenso potencial que temos para superar ultrapassados paradigmas de produção, estabelecendo inadiáveis maneiras de empreender e estar neste mundo cada vez mais competitivo e interligado. Com números, gráficos e informações precisas, o livro nos mostra como muitos países já se deram conta da necessidade de ajustarem suas matrizes de energia a essa nova realidade, China e União Europeia, principalmente. Pelo forte impacto da Covid-19 na economia mundial, os autores nos provam, de uma vez por todas, que a Natureza não é entrave para o desenvolvimento e o progresso, ao contrário. É quando, com dados concretos e eloquentes, o Brasil aparece como o território que mais produz vida na Terra, podendo criar, em bases reais, uma matriz energética de excelência, limpa e duradoura, passo decisivo para sua liderança nessa nova economia que rapidamente se desenha. Assim, seremos capazes de restaurar, finalmente, a bela herança que recebemos – herança genuinamente brasileira, porque fruto de longo e doloroso processo de diferentes visões e saberes de índios, europeus e africanos. “Brasil, paraíso restaurável” nos faz arregaçar as mangas e acreditar que o sonho é perfeitamente realizável.
Francisco Azevedo é autor de O ARROZ DE PALMA, DOCE GABITO, NOVOS MORADORES (Record) e, proximamente, A ROUPA DO CORPO.
