O QUE O MUSSA ESTÁ LENDO?

Alberto Mussa comenta sua releitura de “O general do exército morto” (Objetiva), do albanês Ismail Kadaré. Um dos preferidos de Mussa em seu cânone pessoal, o romance narra a missão de um general italiano na Albânia para recuperar as ossadas de seus soldados que lá morreram durante a Segunda Guerra.

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Aproveitei esse último ano não exatamente para ler, mas para reler o meu cânone pessoal, os livros que me impressionaram há 20, 30 anos. É um experimento temerário porque nem sempre a releitura produz o mesmo impacto, o mesmo prazer; e minha lista de grandes obras acaba, assim, diminuindo.

Por outro lado, há livros que melhoram. Foi o caso dos romances do escritor albanês Ismail Kadaré. Reli recentemente um dos meus preferidos: “O general do exército morto”.

O argumento é simples: um general italiano recebe a missão de ir à Albânia, acompanhado de um padre militar, para resgatar as ossadas dos soldados italianos que lá morreram durante a Segunda Guerra.

A aventura dos italianos na Albânia é uma mistura entre o Trágico e o Ridículo. Há cenas engraçadíssimas, como aquela em que o general tem que esperar o fim de um torneio de futebol para poder escavar, pois determinada batalha tinha sido travada onde então era o único campo disponível.

Assim como em outros grandes romances do Kadaré, como “Abril despedaçado” ou “Dossiê H”, o tema de fundo é o choque de culturas. À medida que penetramos nas profundidas da Albânia de Kadaré, descobrimos novas formas de ser e de sentir. É impossível ficar indiferente.

Alberto Mussa é autor de cinco livros que formam o Compêndio Mítico do Rio de Janeiro: O TRONO DA RAINHA JINGA, O SENHOR DO LADO ESQUERDO, A PRIMEIRA HISTÓRIA DO MUNDO, A HIPÓTESE HUMANA e A BIBLIOTECA ELEMENTAR, todos lançados pela Record.