A ARTE E SUAS SOMBRAS

Yasmin Ribeiro

A indústria da arte é uma das mais fechadas do mundo, ocultando uma longa lista de crimes que vão desde falsificação, “sequestro” de obras, até fraude fiscal. Com preços às centenas de milhões de dólares para obras de arte individuais e coleções que podem valer até bilhões, fraudes, roubos e falsificações rolam soltos nesse universo amplamente desregulamentado. Publicado originalmente em março de 2020 na Alemanha pela KiWi, a sair em dezembro nos EUA pela Seven Stories Press, o livro ARTE E CRIME (Kunst und Verbrechen, no original), de Stefan Koldehoff e Tobias Timm, reúne e destrincha os casos históricos mais importantes e outros bastante recentes numa narrativa digna de thriller policial, mas inteiramente factual, repleta de ameaças de morte, falcatruas e golpes dos mais mirabolantes.

Koldehoff e Timm são repórteres alemães de renome, especializados na cobertura de escândalos no mercado da arte, tendo colaborado anteriormente no aclamado ARTE FALSA, DINHEIRO REAL (Falsche Bilder, Echtes Geld), sobre o caso do falsificador Wolfgang Beltracchi. O livro foi traduzido na França e venceu os prêmios Annette Giacometti e Otto Brenner.

Em ARTE E CRIME, também muito elogiado pela crítica na Alemanha e recomendado pelo New Books in German, os autores apresentam uma rigorosa pesquisa que revela como funcionam os grandes esquemas de falsificação, contrabando e lavagem de dinheiro e quem está por trás deles. Direitos de tradução já foram vendidos para China, Itália e Estados Unidos. Para a edição americana, os autores prepararam um capítulo exlclusivo para abordar a relação do governo Trump com o submundo da arte.

Entretanto, ainda que as incomparáveis somas negociadas na indústria global da arte proporcionem margens de lucro que poderiam levar à loucura qualquer grande chefe do tráfico de drogas, a extensão dos danos econômicos e culturais que resultam da criminalidade nesse mercado raramente vem à tona. Koldehoff e Timm não apenas relembram os muitos crimes cometidos no mundo da arte, mas questionam o que os torna possíveis, o que os facilita, e como podem ser prevenidos.