A FRAGILIDADE DA AUTOBIOGRAFIA

Autor de ROGÉRIA: UMA MULHER E MAIS UM POUCO (Estação Brasil, 2016), Márcio Paschoal comenta sua Frase Sublinhada na página 60 de “O escritor e seus fantasmas” (Companhia das Letras, 2003), de Ernesto Sabato: “No livro, o escritor argentino desfia uma série de comentários, ora sob a forma de aforismos, ora pequenos ensaios sobre o que reitera ser sua verdadeira obsessão: por que, como e para que os livros são escritos. Sobre biografias, meu particular interesse, ele deixa claro a fragilidade das autobiografias, ao classificá-las como inevitavelmente ‘mentirosas’. A maioria dos críticos europeus considera ideal o autor ter pouco ou quase nenhum contato afetivo com o biografado, para um resultado minimamente verdadeiro. Penso que ainda que tenhamos no autodepoimento uma maneira efetiva de se conhecer vida e a obra de alguém, em contrapartida, sempre haverá a certeza de que a real ‘persona’ irá se camuflar em disfarces e omissões, pressupondo-se que é inerente ao ser humano escamotear, de algum modo, a confissão, aceitação ou exposição de suas possíveis mazelas e fraquezas.”

“Dada a natureza do homem, uma autobiografia é inevitavelmente mentirosa. E somente com máscaras, no carnaval ou na literatura, os homens se atrevem a dizer suas (tremendas) verdades últimas. ‘Persona’ significa máscara e, como tal, entrou na linguagem do teatro e do romance.”