A NORA DE JELINEK

 

A NORA DE JELINEK

É imensa alegria quando LVB&Co tem a oportunidade de se orgulhar de sua contribuição na publicação de um livro relevante. Foi assim hoje, quando chegaram à agência os exemplares da primorosa edição da peça O QUE ACONTECEU APÓS NORA DEIXAR A CASA DE BONECAS ou PILARES DA SOCIEDADE, de Elfriede Jelinek, pela Temporal ( @temporaleditora ). Esta é a primeira produção para teatro da autora austríaca, que conquistou o Nobel de Literatura em 2004 com uma obra que reúne também romances e ensaios. Escrita e estreada nos palcos em 1979, na Áustria, a peça ganhou sua primeira edição alemã em 1980 e agora chega ao Brasil na tradução de Angélica Neri, Gisele Eberspächer, Luiz Abdala Jr e Ruth Bohunovsky. Trata-se, claramente, de um “drama secundário”, termo criado pela autora para textos teatrais decorrentes de outros textos literários, sua especialidade, tendo em vista sua bem-sucedida recriação da Margarida do Fausto goetheano. Cem anos anos depois da estreia de Casa de Bonecas, Jelinek relata o que acontece com a protagonista, Nora, a partir do exato ponto final posto por Ibsen em sua peça, quando ela deixa para trás marido, filhos e a hipocrisia do lar burguês. A edição cativante da Temporal, que traz na capa fotos da montagem canônica do drama de Jelinek no Volkstheater de Viena, em 1992, vem ainda um brilhante prefácio de Ruth Bohunovksy expondo a inteligência da tradução do título brasileiro, que difere um pouco do original, e refletindo sobre a crítica do patriarcado e do socialismo realizada literariamente por essa autora. Num momento em que tantas jovens acreditam piamente que estão criando o feminismo, essa nova atenção que se observa à produção de Jelinek, de 76 anos, e ao próprio Ibsen, é muito pertinente.