Um véu de renda chega às mãos da jovem e rebelde Alice, no Rio de Janeiro. Junto com ele, vem à tona uma história de violência doméstica ocorrida cem anos antes, no interior de Pernambuco, envolvendo suas antepassadas. Tudo tem origem em 1918, numa pequena cidade localizada no Vale do Rio Pajeú. Ali uma família de rendeiras conhecidas como “as Flores” vive sob uma sombria maldição: todos os homens que cruzam seu caminho_ sejam pais, filhos, irmãos ou maridos_ morrem prematuramente.
Mera coincidência ou trágico destino, as mortes oferecem às Flores uma rotina sem a presença de figuras masculinas. Se, por um lado, essa ausência provoca solidão e desconfiança do povo da região, por outro, faz com que as Flores se mantenham livres para tomar suas próprias decisões.
Na casa de janelas azuis onde pássaros voam sem gaiolas, um grupo de rendeiras vai criando cotidianamente laços de amizade e companheirismo. Por ali circulam personagens como Tia Firmina, católica fervorosa e guardiã de um segredo do passado; a viúva Carmelita, sempre saudosa de seus mortos; a espevitada Vitorina, que tenta moldar o futuro com leveza; a sensível Cândida, que percebe o mundo pelos sons; e, finalmente, a centrada Inês, que arrisca tudo para ajudar a amiga Eugênia, obrigada a casar com um coronel poderoso e violento.