Mario Sabino

Mario Sabino foi redator-chefe da revista Veja e assina uma coluna diária no portal Metrópoles. É autor de romances e contos. O seu primeiro romance, O DIA EM QUE MATEI MEU PAI, publicado em dez países, explora o tema do parricídio simbólico, tão caro à psicanálise, por meio de um personagem tão trágico quanto inconfiável. O segundo romance, O VÍCIO DO AMOR, mereceu o seguinte comentário do escritor português João Pereira Coutinho, autor do prefácio: “Os personagens se situam no extremo oposto das versões idealizadas do amor romântico. E esse extremo não é marcado pelo ódio, mas pela indiferença”. O VÍCIO DO AMOR foi publicado na Holanda.
Seus contos estão reunidos em O ANTINARCISO, que recebeu o prêmio Clarice Lispector (Biblioteca Nacional), e A BOCA DA VERDADE. O escritor Moacyr Scliar disse que “os contos de Mario Sabino mergulham no buraco negro em que cada personagem esconde não só sua miséria, mas também sua grandeza”. Ele também lançou duas coletâneas de artigos: CARTAS DE UM ANTAGONISTA e ME ODEIE PELOS MOTIVOS CERTOS. O seu livro mais recente é um romance histórico: INNOCENTI GIULIA – UM AMOR ANARQUISTA CONTRA O FASCISMO.
INNOCENTI GIULIA – UM AMOR ANARQUISTA CONTRA O FASCISMO
INNOCENTI GIULIA é um romance histórico ambientado na Itália e na França, nas primeiras décadas do século passado, cuja protagonista é a jovem que dá título ao livro. Recém-saída da adolescência Giulia deixa a família de ambições burguesas, que vive em Savona,, para ter uma vida aventurosa ao lado do homem por quem se apaixonou: o jornalista e escritor Trento Tagliaferri, militante anarquista. Em Milão, Giulia passa a conviver com expoentes do anarquismo italiano, como Errico Malatesta e Armando Borghi, e se torna amiga de mulheres que marcaram essa vibrante corrente da esquerda europeia, como Leda Rafanelli e Maria Rygier. Ao lado de Trento, ela luta por uma revolução que jamais se concretizaria e enfrenta a violência fascista. Perseguido por Mussolini, o casal exila-se em Paris, onde Giulia se dedica a realizar o seu sonho profissional: desenhar e confeccionar chapéus femininos. Na capital francesa, ela tem contato com grandes nomes da moda, como Coco Chanel, Pauline de la Bruyère e Elsa Schiaparelli, e experimenta a efervescência artística dos anos 1920. Giulia também passa um ano no Brasil, para onde Trento se transfere para fazer agitação política. Ambos os personagens existiram na vida real: Trento era o avô materno de Mario Sabino e Giulia, que morreu antes de completar 30 anos, em Paris, foi o grande amor que ele deixou na Europa. O autor a descobriu em fotos guardadas havia um século, sem identificação, em uma velha pasta de documentos. Entre as fotos, havia uma do túmulo encomendado por Trento para Giulia, uma joia da arte funerária italiana que pode ser admirada no Cemitério Urbano de Cuneo.

Como a biografia da protagonista é cheia de lacunas, Mario Sabino as preencheu por meio da ficção, transformando Giulia em personagem de momentos capitais do século XX: os do Biênio Vermelho, da ascensão de Mussolini e da resistência. inicial ao fascismo. O romance é entremeado pelo relato da busca do autor por essa mulher a quem ele deve a própria existência. Houvesse Giulia Innocenti sobrevivido, Trento não teria formado uma família no Brasil. Para escrever o romance, Mario Sabino fez pesquisas na Itália e na França e lançou mão de extensa bibliografia. O autor recuperou, assim, documentos extraordinários que foram praticamente esquecidos desde que o movimento anarquista foi eclipsado pelo Partido Comunista Italiano: a transcrição feita por Trento do julgamento de Errico Malatesta, em 1921; os bilhetes reveladores trocados entre Leda Rafanelli e Mussolini, poucos antes de ele ser expulso do Partido Socialista; e a denúncia de Maria Rygier, exilada em Paris, de que o Duce havia sido espião da França. 

Status/publicação: Inédito.