Nara Vidal

Nara Vidal nasceu em Guarani, Minas Gerais, em 1974. Formada em Letras pela UFRJ com concentração em Literatura e Língua Inglesas, é Mestre em Artes pela London Metropolitan University. Em 2001 mudou-se para a Inglaterra onde vive até hoje. Nara publicou livros para crianças e adultos. Seu primeiro romance, SORTE, foi um dos vencedores do Prêmio Oceanos 2019 e está publicado na Holanda e no México. Seu livro de contos mais recente, MAPAS PARA DESAPARECER, foi finalista do Prêmio Jabuti
2021 e vencedor do Prêmio Luiz Gondim como livro do ano, pela UBE/Rio de Janeiro. É editora da Capitolina Revista, trabalho que lhe rendeu um prêmio APCA. É tradutora, professora e colunista da Revista Cláudia e do jornal A Tribuna de Minas. Em 2021, foi autora convidada para a residência literária da Fundação D. Luís I, em Cascais, Portugal. EVA é seu romance mais recente, publicado pela Todavia.
SORTE
Brasil (ou Hy-Brasil) é uma ilha mítica na costa irlandesa onde o mar tem cor de chumbo. Uma ilha de fantasia, de mentira, e que fundamenta sua existência numa ilusão. Misteriosamente, quem insiste em explorar Brasil, acaba enfeitiçado e olhos coloridos aparecem na família de quem tentou desvendar a ilha. Brasil é também para onde segue a família de Margareth Cunningham, fugida da fome da batata na Irlanda em 1827, aportando no Rio de Janeiro em plena Guerra da Cisplatina e Primeiro Reinado. A opressão católica comum aos dois países força a narradora das duas primeiras partes da história a deixar, grávida, sua família e a amizade com a escrava Mariava para se abrigar numa casa, na serra fluminense, comandada por freiras que vendem os bebês das “mulheres caídas”, aquelas que “carregam vergonhas nas barrigas”.
A imprevisibilidade de um ato da escrava Mariava leva o leitor a testemunhar a vida de dois filhos, irmãos em amizade, um branco e um negro, que seguem seus destinos por sertões de Minas Gerais, na beira do Rio Pomba. Ciço e Mané levam adiante o mito da terra feita de mentiras e ilusão: Brasil.

Status/Publicação: Pela Moinhos em 2019. [100 páginas]
EVA
Eva tem o diabo no corpo. Segundo corre na família, seu nome atrai maldade e pecado. Desde criança o demônio se manifesta: no jeito que ela anda, no jeito como olha e em tudo que faz. Sua infância é uma sucessão de benzimentos e rezas, sempre na tentativa de expurgar o diabo, que teima em possuí-la. Sob o cerco e o julgamento da avó e da mãe, Eva corre pelas ruas como quer.
A saia é curta demais, a blusa marca os peitos, a perna aparece mais do que deveria. Na cidade, acredita-se que em suas veias corre sangue do demônio. A dependência afetiva de Eva pela figura materna controladora manifesta-se como padrão para os relacionamentos abusivos que a narradora vive quando adulta.

Status/Publicação: Pela Todavia em 2022. [112 páginas]