O casal de foras da lei Lampião e Maria Bonita é um ícone no nordeste do Brasil e ilumina a história do cangaço – grupos de bandidos nômades e uniformizados presentes na região na primeira metade do século 20. Lampião, chamado rei dos cangaceiros, está presente na obra de grandes autores como Graciliano Ramos e José Lins do Rego, inspirou peças teatrais e está presente em toda história do cinema do país — “O Cangaceiro” foi primeiro filme brasileiro premiado no exterior, e se valem do tema as obras de Glauber Rocha, Renato Aragão, a pornochanchada dos anos 1970 e a retomada do cinema brasileiro nos anos 1990. Até a moda se valeu da estética cangaceira, com a estilista Zuzu Angel. A figura histórica de Lampião aparece em documentos da Internacional Comunista dos anos 1930 como exemplo de ação pré-revolucionária — e assim ele foi retratado pelo historiador Eric Hobsbawm.