ENSINAR E NEGAR A VIDA ADULTA

Quem nos oferece A FRASE SUBLINHADA desta semana é o professor, antropólogo e amigo da agência Caio Barros, velho conhecido deste blog. Depois de apresentar uma ótima vídeo-resenha do romance MARIA ALTAMIRA (Instante), de Maria José Silveira, que trata da questão indígena latino-americana, Caio traz uma passagem diretamente de um cânone das Ciências Sociais, da página 58 de “O Pensamento Selvagem”, de Claude Lévi-Strauss. Ele comenta: “Nesse trecho, Lévi-Strauss discorre sobre a dialética entre o que ele define como as ‘profissões de praxe’, que seriam aquelas distantes do universo escolar, e as profissões das letras e ciências, ligadas ao magistério. Em relação às primeiras, o antropólogo belga diz que há uma espécie de sentimento de ‘alforria’ em relação à escola: busca-se aprender uma profissão para sair logo do ambiente escolar. Sobre as segundas, aquele ou aquela que se dedica ao magistério permanece no ambiente escolar, como adultos que nunca se despediram do universo infantil, resistindo à dureza do desencantamento do mundo imposta pela adultez.”

“O estudante que as escolhe não se despede do universo infantil: antes, empenha-se em mantê-lo. Não é o magistério o único meio oferecido aos adultos que lhes possibilita permanecer na escola?”