Silvia Tocci Masini é Editora da Pausa e trabalha na Bok2, o primeiro hub literário do Brasil.
VB&M: Qual tem sido para você o maior desafio da quarentena?
STM: Acho que meu maior desafio está na preocupação em poder ajudar as pessoas. Temos perdido amigos, conhecidos, pais de amigos, tios, filhos de amigos… Tem sido um tempo muito triste, de sobressaltos, de incertezas… e temos feito tudo o que está ao nosso alcance para ajudar. Entre tantas coisas, acho que nunca indiquei tantos livros na vida. E a leitura é um aliado poderosíssimo que pode nos tirar de onde estamos, pode nos consolar, nos desafiar, nos levar para novas opções e nos fazer enxergar o mundo e nossas próprias vidas sob uma outra perspectiva. Tem sido muito bom. O retorno é sempre muito positivo.
VB&M: Quais as propostas e soluções mais interessantes que você pensou ou registrou?
STM: Tenho pensado e lido DEMAIS! Nossa… a cabeça não para. E acho que nessa linha de raciocínio, de usar efetivamente a leitura para ajudar _ pois as pessoas estão precisando muito de ajuda, em todas as áreas da vida _, estou “abrindo” com uma amiga, que faz um trabalho de coach fantástico, um núcleo de pesquisas e discussões (vocês estão sabendo disso em primeiríssima mão) a partir da literatura. Nosso foco é trazer temas atuais e relevantes para serem debatidos, partindo sempre da leitura de um livro. Vamos iniciar o trabalho nas próximas semanas, com um encontro virtual de mulheres leitoras. E isso vai se expandir para grupos de jovens, empresários, educadores, etc. Nosso intuito é partir da discussão de um livro para entrar na ação, colocando em prática o que se compreender.
VB&M: Qual a sua visão do mercado em 2021?
STM: O mercado editorial vem sofrendo muito nos últimos anos, e esse momento veio para abrir definitivamente os nossos olhos para pensarmos diferente e agirmos pontualmente. Temos que estar onde o leitor está. Como editores, teremos que ser também educadores para capturar o leitor com aquilo que ele gosta de ler, para levá-lo ao que ele precisa ler.
Não consigo ainda imaginar como as coisas funcionarão, mas acho que os encontros virtuais diminuíram muito as distâncias e se tornaram uma ferramenta poderosa para “aproximar” as pessoas e viabilizar grandes trocas mesmo à distância.
Clubes de leitura virtuais, feira de livros menores em espaços públicos e abertos (espalhadas pelos parques das cidades), livrarias itinerantes, enfim… há uma infinidade de opções que vamos ter que buscar. Mas acho que nada mais será muito fixo, fincado no solo… No meu caso, já estou conversando com várias pessoas que estão com a mesma cabeça e estamos desenvolvendo projetos para começarmos a colocar em prática já a partir do próximo mês.