O IRÃ AQUI

 

O IRÃ AQUI

Quadrinhos na Cia, selo da @companhiadasletras, está mandando esta semana para as livrarias um livro fundamental para o entendimento da luta feminista iraniana: MULHER, VIDA, LIBERDADE, organizado por Marjane Satrapi (@marjanesatrapi). A autora volta aos quadrinhos, 20 anos depois da estrepitosa publicação de “Persépolis”, com um livro que reúne vários artistas e especialistas dedicados a contar a história do movimento de lema homônimo em curso no Irã, desencadeado após o assassinato da jovem Mahsa Amini pela polícia religiosa do governo teocrático e totalitário do aiatolá Ali Khamenei, em 2022. Publicado na França por ocasião do primeiro aniversário do movimento, MULHER, VIDA, LIBERDADE narra em detalhes essa história, contando e ilustrando tudo que não pôde ser fotografado nem filmado devido à censura no país. No Brasil, que está acolhendo calorosamente os livros sobre a situação dramática das mulheres no Irã, o livro vem se juntar a TORTURA BRANCA, da Prêmio Nobel da Paz, Narges Mohammadi (@narges_mohammadi_51), lançado pela @editorainstante, que hoje foi objeto de bela matéria assinada pela excelente jornalista Patrícia Campos Mello (@patacamposmello), na Folha de S. Paulo. Mohammadi reuniu em seu livro entrevistas com suas colegas de prisão a fim de denunciar a política de tortura branca aplicada pelas autoridades sobre as mulheres encarceradas, todas ali por terem expressado ideias e opiniões divergentes daquelas de um regime, que subjuga a todos com base numa concepção extremista do Islã. Bom mesmo que leitores e leitoras no Brasil queiram se inteirar, compreender e somar na luta contra a opressão e criminalização das iranianas. Ainda pode ser conosco, mulheres brasileiras a precisar da solidariedade internacional, a julgar pelos movimentos dos deputados evangélicos extremistas e do presidente da Câmara, Arthur Lira. Felizmente, ainda podemos ir às ruas defender nossos direitos, e houve bastante pressão popular para conter o insano PL1904, que equipara o aborto legal ao crime de homicídio. Mas a luta não está ganha. Tudo indica que, no que dependa dos senhores de bem e da Bíblia no Congresso, o Irã pode ser aqui.