Autora de EXTERMÍNIO: 200 ANOS DE MASSACRES DO ESTADO BRASILEIRO CONTRA SEU POVO, relato todo fundamentado em documentos oficiais sobre práticas genocidas dos governos desde 1822, que sai pela Planeta no final de agosto, a cientista política e pesquisadora do Arquivo Nacional Viviane Gouvêa oferece sua Frase Sublinhada em “Água de barrela” (Malê), de Eliana Alves Cruz. Viviane comenta: “Há histórias que nunca envelhecem, e alguns lugares comuns não deixam de carregar sua verdade por serem repetidos à exaustão. Nunca é demais lamentar o quanto seres humanos são capazes de impor dor e sofrimento a outros viventes, ou as justificativas infames elaboradas para sustentar o abuso. Apesar de todos os alertas a respeito das consequências nefastas da crueldade com outros humanos, inclusive para quem carrega o chicote (ou a faca, ou o fuzil, ou o ferro em brasa), a disposição para alimentar e bem nutrir o ódio parecem nunca diminuir.”
“Num só golpe, ela cortou a língua da escrava. Enquanto o sangue jorrava e os homens se preocupavam em estancá-lo, a senhora continuou recitando, altiva, enquanto caminhava de volta a casa, com a saia manchada de vermelho […]”