Yasmin Ribeiro
Maior enxadrista da história, o americano Bobby Fischer foi e ainda é o grande ídolo dos aficionados por xadrez aqui e Lá Fora. Os 50 anos do ápice de seu reinado no politizado mundo do xadrez, em 1972, quando derrotou o mestre russo Boris Spassky, marcando um momento emblemático da Guerra Fria, serão lembrados com vigor pela literatura. Na França, a biografia do grande mestre e campeão mundial virou novela gráfica, BOBBY FISCHER: UMA VIDA EM PRETO E BRANCO (Bobby Fischer: Ascension et chute d’un génie des échecs), recém-lançada por Les Arènes com roteiro do escritor alemão Julian Voloj e arte do ilustrador brasileiro Wagner Willian, em breve no Brasil pela Skript; e um grande romance, O SACRIFÍCIO DO REI (Le sacrifice du roi), de Livie Hoemmel, a sair em maio de 2022 pela Massot, ainda sem contrato por aqui.
BOBBY FISCHER: UMA VIDA EM PRETO E BRANCO explora a rápida ascensão do enxadrista de menino prodígio a herói nacional e as conspirações e polêmicas políticas que encerraram sua carreira brilhante. A campanha de financiamento da Skript no Catarse para fazer a edição brasileira já foi ultrapassada em 480%. Além de sair no Brasil, o livro terá tradução para o alemão pela Knesebeck; para o espanhol pela Salamandra; para o tcheco pela Grada; Abrams adquiriu direitos mundiais de língua inglesa.
Em O SACRIFÍCIO DO REI, Livie Hoemmel, grande entusiasta do xadrez desde a infância, dispõe de informações de alto nível de vários serviços de inteligência para recontar em forma de romance a história de Bobby Fischer e dos planos do Kremlin para derrubar o homem que em 1972 tirou do mestre soviético Boris Spassky o título de campeão mundial. A derrota de Spassky foi vivida como imensa humilhação por uma URSS já traumatizada pela conquista da Lua pelo Estados Unidos em 1969. Aquilo não poderia se repetir. Hoemmel constrói seu romance em torno de uma a informação inédita, o caso de Fischer com Olga, jovem russa plantada pelo Kremlin para seduzir o rei americano do xadrez.
Nascido em Chicago e criado por mãe solteira, Bobby Fischer contribuiu imensamente para a divulgação do xadrez a um público amplo e contou para melhorar muito as condições profissionais dos jogadores americanos. Apesar da carreira meteórica, sofreu com sua saúde mental debilitada e passou a ser visto como inimigo público da nação após declarações antissemitas e antiamericanas. Depois de perder o título mundial por desistência para o russo Anatoly Karpov em 1975, Fischer manteve-se em reclusão até sua morte em 2008, mas seu legado marcou para sempre a história mundial do xadrez, e sua polêmica biografia instiga até hoje leitores e jogadores, além daqueles interessados nos muitos eventos misteriosos e sinistros de uma Guerra Fria que pelo terror nuclear assombrou a humanidade entre 1947 e 1989.