O SOFISTICADO GOSTO POÉTICO DE NELSON VILLAS BOAS

Percorro os dias sem rumo
Falo palavras sem sumo
Vivo no escuro sem prumo

estou na vida sem leme

sobre mim só o monstruoso
como um grande, negro, novo
pássaro: o rosto da noite.

Nelson Villas Boas gostou de receber na VBM os exemplares de cortesia enviados pela @relicarioedicoes da edição bilíngue de TAMBÉM EU DANÇO, densa poesia de Hannah Arendt lindamente traduzida por Daniel Arelli (@danielarelli). São 71 raros poemas, até esta edição completamente desconhecidos no Brasil. Mesmo na Alemanha, terra natal de Arendt, sua produção poética só ganhou edição definitiva em 2015. Pouca gente sabe que para além de sua magistral obra política, a pensadora também escreveu poesia. Nelson, que aprendeu a gostar de poesia guiado pelo irmão e colega Miguel Sader (@eusoumiguelsader), diz que a grande arte poética é assim: melancólica mas cerebral, em diálogo permanente com a teoria filosófica, capaz de condensar a linguagem para construir uma dicção própria e chegar à verdade. Ele se garante na poesia: o Rottweiler Ivar Cardoso jamais alcançaria essa profundidade de reflexão literária.