Os franceses são criativos quando se trata de instituir prêmios literários. Agora tem o Prêmio para o Romance que Faz Bem, criado em 2019, que visa a recompensar histórias que levam ao riso, ao sonho, às viagens, que enlevam e reconfortam. Tal prêmio no Brasil iria sempre para Francisco Azevedo, querido autor de O ARROZ DE PALMA e mais três romances, mas Chico não é francês, então quem ganha este ano é Florent Oiseau, com LES FRUITS TOMBENT DES ARBRES (Os frutos caem das árvores), da Allary, cliente da VB&M por intermédio da agência 2 Seas.
Oiseau recebeu o prêmio no sábado passado, 25, em Fontvieille, cidade provençal, sede da premiação, de um júri composto por autores consagrados, como Laure Adler, escritora feminista bastante publicada no Brasil por Companhia das Letras e Record, biógrafa de Hannah Arendt, numa vasta obra; Émilie Frèche; Franz-Olivier Gisbert, também conhecido dos brasileiros por sua biografia de François Mitterrand; e Alexandre Jardin. “Leveza, melancolia, humanidade: um romance muito justo e sagradamente emocionante”, disse sobre o livro a jornalista Héloïse Goy, de “Télé 7 jours”.
O vizinho de Pierre morreu no ponto de ônibus, “caído na rua como o fruto de uma árvore”. Movido por esse acontecimento, o protagonista do romance premiado se vê errando pela linha do ônibus, como um “Fantasma Urbano”, termo que ele usa para se autodefinir. Nem jovem, nem velho, Pierre é do tipo que procura respostas em folhas de chá. De lavanderias automáticas a bares cabilas, a liberdade guia seus passos, fumando com prostitutas, fazendo uma maionese para uma atriz famosa no caminho de volta: tudo é aventura, quando se olha com os olhos atentos e não se deixa o arrependimento e as lamentações tomarem conta. A mensagem da narrativa: não fazer grande coisa, isso é o extraordinário. “Poético, docemente subversivo, esse romance nos convida a viver unicamente segundo nossa natureza, contra todos os diktats da sociedade”, definiu Patrick Williams, da “Elle”.
Florent Oiseau nasceu em 1990 em Montfermeil e hoje vive em Paris. Seu primeiro romance, JE VAIS M’Y METTRE também ganhou prêmio – de “livro mais engraçado do ano”, o Prix Saint-Maur em poche. PARIS-VENISE e LES MAGNOLIAS foram finalistas do Prix Orange.