Chega prontinha para publicação nesta coluna mais uma breve mas perfeita resenha crítica assinada pelo professor Alberto Flaksman (@abeflaksman) de romance representado pela agência, desta vez em nome da BAM (@bam_litagency, cliente francesa da LVB & Co. No Brasil, VELAR POR ELA, do premiado Jean-Baptiste Andrea, saiu este ano pelo selo Vestígio (@editoravestigio) da Autêntica, uma escolha do editor Arnaud Vin, que admira o autor imensamente e de quem já publicou, em 2022, O PIANISTA DA ESTAÇÃO. Pelo que se depreende da resenha, Alberto tornou-se admirador de Andrea tal como Arnaud, pois escreveu: “VELAR POR ELA já é, para mim, um dos melhores livros do ano, um belo romance que lamentei terminar, por ser tão curto e de leitura tão rápida, apesar de suas mais de 400 páginas. Um prêmio Goncourt muito merecido e que, espero, encontrará um grande número de leitores no Brasil.” Não há como resistir a essa leitura, é preciso conhecer a surpreendente e gloriosa trajetória do escultor Michelangelo Vitaliani, o Mimo, nascido pobre, vítima do nanismo, que ao longo do conturbado século XX obtém o reconhecimento de seu talento e de sua arte, mas não a possibilidade de viver plenamente seu amor pela aristocrática Viola Orsini.
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Alberto Flaksman
Muitos leitores compulsivos (como eu mesmo) deixaram de acreditar na existência de novos romances extraordinários, biografias ficcionais fascinantes ou sagas inéditas eletrizantes. Mas a verdade é que de vez em quando um desses livros surge e nos surpreende, felizmente. Um deles, que acabei de ler, é VELAR POR ELA (Veiller sur elle, no original), do escritor francês Jean-Baptiste Andrea, ganhador do Goncourt de 2023, o prêmio literário mais importante da França.
O enredo do livro se desenrola todo no século XX e é narrado na primeira pessoa: a autobiografia ficcional de um menino que nasce na França numa família pobre, acometido de nanismo, torna-se órfão de pai durante a Primeira Guerra Mundial e é enviado por sua mãe à pequena vila de Pietra d’Alba, na Itália, para ser cuidado por um tio. Um começo de vida pouco esperançoso para Michelangelo Vitaliani, conhecido pela alcunha de Mimo. O prenome, dado por seu pai, um escultor medíocre, é uma esperançosa homenagem ao genial artista italiano do Renascimento, do qual o pequeno Mimo revelará, mais tarde, ser um legítimo herdeiro, em razão do seu extraordinário talento como escultor.
Antes do seu reconhecimento público, porém, Mimo deverá enfrentar muitos obstáculos e enormes dificuldades. Pequeno e feio, pobre e sem ter quem o proteja e reconheça nele o grande artista que de fato é, Mimo terá de enfrentar a inveja e a má fé de sucessivos algozes e aproveitadores. Seu próprio tio Alberto é o primeiro a perceber o seu talento e tentar apropriar-se das obras e do nascente reconhecimento do malfadado e criativo Mimo.
A terrível solidão em que o pobre jovem vive será rompida por uma estranha relação com Viola Orsini, filha da família mais rica e poderosa da pequena localidade. Ela mesma uma garota excepcional, de tendências mórbidas e espírito aventureiro, Viola conseguirá abrir as portas do seu mundo de privilégios para Mimo?
Não se conta obviamente o final de um romance cheio de surpresas e reviravoltas como este, que se lê com grande prazer. VELAR POR ELA já é, para mim, um dos melhores livros do ano, um belo romance que lamentei terminar, por ser tão curto e de leitura tão rápida, apesar de suas mais de 400 páginas. Um prêmio Goncourt muito merecido e que, espero, encontrará um grande número de leitores no Brasil.