A GUERRA CONTRA SUPERBACTÉRIAS

Miguel Sader

Uma das mais prestigiosas editoras universitárias americanas, a MIT Press, acaba de contratar um livro de popularização médico-científica que vem da Noruega, onde foi lançado em maio, e que é absolutamente relevante nessa pandemia. A guerra contra as bactérias” (KRIEGEN MOT BAKTERIENE no original), de Erik Martiniussen, denuncia que o uso indevido de antibióticos está contribuindo para a formação de “superbactérias” resistentes a todo e qualquer tipo de medicamento. O papel desses organismos e a resistência deles aos antibióticos são, segundo o autor, cruciais para a compreensão do cataclisma sanitário provocado pela Covid-19.

Poucas semanas antes do lançamento norueguês, o livro foi atualizado para mostrar o papel das superbactérias na dificuldade de tratamento da pandemia. Coincidentemente, a Itália, país europeu que mais sofreu os efeitos da Covid, é também o que mais abusou de antibióticos nas últimas décadas _ de maneira determinante para a impossibilidade de combater as infecções oportunistas e os ataques da superbactérias nos organismos dos doentes italianos afetados pelo Coronavírus.

Bob Prior, diretor da super renomada MIT Press, fez coro à crítica nórdica, que vem sendo só elogios ao livro de Martiniussen, e anunciou assim a aquisição:  “O uso indevido de antibióticos e o surgimento de bactérias resistentes a esses medicamentos estão entre as maiores crises sanitárias de nosso tempo, profundamente ligados à atual pandemia. Estou muito entusiasmado em acrescentar esse importante livro à lista de títulos confiáveis e acessíveis no catálogo de ciências biomédicas da MIT Press.”

Nosso primeiro contato com a obra de Martiniussen foi na Feira de Frankfurt em outubro do ano passado, quando Astrid Dalaker, da agência literária Northern Stories, apresentou o título numa reunião. Àquela altura, quando Corona ainda era apenas um rótulo de cerveja, o livro já nos parecia bastante interessante e atual. Meses depois, com o mundo sofrendo as consequências da maior pandemia da história, a leitura de “A guerra contra as bactérias” se tornou urgente.

O jornalista norueguês especializado na cobertura de medicina explica que as superbactérias têm um enorme potencial de associação ao Coronavírus, e, uma vez ligados, eles formam uma combinação perigosíssima que nos ajuda a entender, em parte, os números de mortes causadas pela Covid-19. É natural que o protagonista dos noticiários seja o vírus, afinal é ele o causador da doença, mas você sabia que aproximadamente metade dos pacientes mortos por Covid-19 na China apresentaram infecções bacterianas oportunistas que, estas sim, foram fatais? E que a Itália registra anualmente cerca de 11 mil mortes causadas por superbactérias, recorde no continente europeu?

A editora norueguesa é a Forlaget, que ainda antes de vender direitos em inglês para a MIT-Press, negociou a tradução sueca com o grupo Modernista. Em tempos de pós-verdade e fake news, disseminar informação se tornou dever cidadão. É a forma mais eficaz e prática de combate à pandemia, por isso VB&M pede atenção especial ao trabalho de Erik Martiniussen.