Miguel Sader
Um dos temas de maior interesse na literatura internacional – a II Guerra Mundial – está ganhando uma contribuição de peso este semestre. Acaba de ser publicado na Alemanha, pelo forte grupo editorial Klett-Cotta, o primeiro volume da duologia UM MUNDO À PARTE, composta por diários do escritor Hermann Stresau registrados entre os anos de 1933 e 1945. Os responsáveis pelo resgate das anotações pessoais de Stresau, que oferecem uma visão única da vida na Alemanha nos antecedentes da II Grande Guerra, são os editores Peter Graf e Ulrich Faure.
Enquanto gênero literário, diários ocupam um lugar menos central entre os vários formatos da literatura de não-ficção, porém a importância historiográfica desses livros é incomensurável. Não existe pesquisa histórica capaz de reproduzir com a mesma fidelidade as memórias de um determinado período distante no tempo como fazem os diários. Justamente por isso, apesar de tratar de um assunto extremamente representado no mundo dos livros, UM MUNDO À PARTE vinha sendo tão aguardado na Alemanha. Os escritos de Stresau são preciosos, muito mais do que meras anotações pessoais, mas frutos da genuína preocupação do autor em deixar para a posteridade um panorama completo de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, muito mais do que meras anotações pessoais.
O volume do material recuperado por Graf e Faure é tão grande que a Klett Cotta o dividiu em dois volumes, 1933-1939 e 1939-1945, somando quase 800 páginas. Leitura densa, importante para estudiosos do tema, porém inegavelmente pesada para o leitor comum. Pensando nisso, a editora prepara ainda uma versão unificada e abreviada, contendo os principais eventos, bem mais acessível não somente para o público mas também para os editores internacionais interessados em adquirir direitos de tradução.
Recém lançado, o volume 1 vem causando alvoroço na Alemanha. São inúmeros os comentários e resenhas elogiosas que o livro vêm recebendo dos principais veículos de imprensa. “UM MUNDO À PARTE é muito importante: os diários de Stresau mostram a visão crítica de um cidadão comum sobre a vida cotidiana no Terceiro Reich”, diz o jornal “Die Zeit”. Já o diário “Neue Zürcher Zeitung” pontua que “a fim de entender os eventos que levaram à II Guerra Mundial, é imprescindível ler as análises de Stresau”.
