O CRIME DE TOM RIPLEY

Carlos Marcelo, romancista e biógrafo, autor de PRESOS NO PARAÍSO (Tusquets/Planeta) e editor-chefe do Estado de Minas, oferece ao blog sua Frase Sublinhada nos capítulos finais de “O amigo americano” (Brasiliense, 1985), de Patricia Highsmith, posteriormente reeditado pela Companhia das Letras com o título traduzido literalmente do original, “O jogo de Ripley”. “Além de nos revelar o que se passa na cabeça de Tom Ripley depois de mais uma morte, Highsmith traz uma reflexão do personagem sobre o assassinato que cometeu em sua primeira aparição, em ‘O talentoso Ripley’. Assim, conhecemos as motivações, ambiguidades e contradições de uma das criações mais perturbadoras da escritora, referência obrigatória no thriller psicológico e uma de minhas maiores influências nas narrativas de ficção.”

“Tom saiu em direção ao carro. Gauthier! Um rosto conhecido, um rosto da vizinhança, que agora não existia mais. Tom sentia-se ofendido por saber que Simone achava que ele tinha alguma coisa a ver com o caso, embora Jonathan já lhe tivesse dito há alguns dias. Meu Deus, que reputação! Bem, era merecida. Ele havia matado gente. Era verdade. Dickie Greenleaf. Aquele fora um crime, mesmo. Ímpetos da juventude. Bobagem! Fora ganância, ciúme, ressentimento. E, é claro, a morte de Dickie – seu assassinato – obrigara Tom a matar aquele paspalhão americano, Freddie Miles. Águas passadas. Mas ele havia feito aquilo. A polícia estava meio desconfiada. Mas não podia provar nada.”