A PELE QUE HABITA MOLINO

Yasmin Ribeiro

Com tema relevante na atualidade pela ligação com o racismo e com a crítica feminista à ditadura da beleza exterior, A PELE (LA PIEL), nova autoficção do premiado jornalista e escritor espanhol Sergio del Molino, está estourando na Espanha, publicado em maio pela Alfaguara, com direitos de tradução vendidos para outras grandes editoras europeias. A primeira tiragem espanhola foi de 10 mil exemplares, mas esgotou-se em uma semana, e o livro já chegou a sua terceira reimpressão. 

Com dez anos de carreira literária e doze títulos publicados, Sergio del Molino se notabiliza por um estilo muito singular, reconhecido e aplaudido pela crítica. Em La Vanguardia, o crítico literário Juan Antonio Masoliver Ródenas bateu o martelo: “para A PELE eu só tenho elogios.” Além desse jornal, outros veículos da primeira linha da imprensa na Espanha _ El PaísEuropa PressEl DiárioVanity FairEl CorreoLa Verdad  _ aclamaram o trabalho do autor. 

A narrativa reside em algum lugar entre romance autobiográfico, ensaio filosófico e pesquisa antropológica. Na multitude de temas abordados, há a dolorosa experiência de Molino com a psoríase, doença autoimune que consiste na produção exagerada de tecido epitelial, resultando em descamações na pele e coceiras excruciantes. Vladimir Nabokov, Cyndi Lauper e Joseph Stalin também enfrentaram a psoríase e são personagens do livro.

A PELE expõe a nossa milenar obsessão com os cosméticos, com a saúde e a pureza, quase sempre ligada ao branco. Expõe todo o estigma social relacionado à pele e ao indivíduo, incluindo o racismo. Um romance de alta qualidade, trazendo à tona uma humanidade repleta de impurezas, protuberâncias e anomalias nas dimensões física e psicológica, o que contrasta com o humor e o suave erotismo de sua prosa. Como escreveu Rubén Amón, em El Confidenciala maior virtude de A PELE consiste na naturalidade da narrativa, na harmonia com que transita entre a ironia e a sensibilidade, o sarcasmo e a angústia, a erudição e o coloquialismo. A pele é a nossa identidade, nela transparece a doença e a velhice, mas também desmascara o racismo e a discriminação”.

Na Itália, a editora será a Sellerio e na Grécia, a Ikaros. A editora francesa será definida em breve.