FEMINISMO CUBANO CONTRA A TIRANIA DAS MOSCAS

Yasmin Ribeiro

A cubana Elaine Vilar Madruga vem chamando a atenção Lá Fora com LA TIRANÍA DE LAS MOSCAS, publicado na Espanha pela Barrett em abril e já vendido para publicação na Itália pela Mendel Edizioni. O romance atravessa as fronteiras entre o real e o imaginário ao construir uma sátira ácida ao totalitarismo a partir do retrato de uma família sob a ditadura de um pai militar. Com a potência e originalidade de sua voz narrativa e pitadas de realismo mágico, a autora mostra como uma casa pode ter estruturas políticas iguais àquelas que regem um sistema social.

LA TIRANÍA DE LAS MOSCAS foi a escolha da autora espanhola Cristina Morales para a edição deste ano do projeto “Editor por um livro”, da Barrett. Anualmente, a editora escolhe um autor ou autora para apresentar e editar uma obra inédita, iniciativa que se provou bem sucedida em edições passadas. Morales, que foi apresentada a Vilar Madruga numa viagem a Havana, comenta que “gostaria de ter conhecido um livro como esse ainda menina, quando as crianças são convidadas a se rebelarem contra seus pais, e não em sentido metafórico”.

Inspirada pela estrutura do teatro clássico, a autora, de 32 anos, que é dramaturga e já tem 30 livros publicados, com participação em antologias em vários idiomas, começa e termina sua história com a presença incessante das moscas, que atuam como testemunhas, zumbindo em torno dos personagens durante todo o tempo narrativo. Numa família chefiada por um pai tirânico e gago, Cassandra, protagonista, a mais velha de três irmãos, é uma heroína shakespeariana disposta a determinar a própria sexualidade dando franco combate ao reacionarismo de seus pais.