Fabiane Guimarães, autora de APAGUE A LUZ SE FOR CHORAR (Alfaguara), traz ao blog sua Frase Sublinhada na página 508 da edição da Companhia das Letras, 2017, de “Anna Kariênina”, de Liev Tolstói. Sobre a leitura, Fabiane comenta: “Além de ser uma aula de narrativa e construção de personagens, permeada pela crítica social, eu me encantei pela forma tão humana como os personagens sentem seus dilemas. No trecho destacado, Liévin é surpreendido ao ver seu temor à morte e suas dúvidas existenciais atropelados pela exuberância da vida. Em tempos de luto, o trecho ressoou muito forte aqui dentro. Apesar da morte, afinal, é preciso continuar vivendo, querer continuar vivendo, e o amor é sempre uma necessidade. Ainda maior em dias tão duros.”
“O aspecto do irmão e a proximidade da morte fizeram ressurgir, na alma de Liévin, aquele sentimento de horror diante do indecifrável, e também da proximidade e da inevitabilidade da morte, que o dominara naquela noite de outono, em que o irmão viera à sua casa. Tal sentimento era agora ainda mais forte do que antes; sentia-se ainda menos capaz que antes de entender o sentido da morte e lhe parecia ainda mais horrorosa a sua inevitabilidade; mas agora, graças à proximidade da esposa, esse sentimento não o levava ao desespero: apesar da morte, ele sentia a necessidade de viver e de amar. Sentia que o amor o salvava do desespero e que esse amor, sob a ameaça do desespero, se tornava ainda mais forte e mais puro.”