Yasmin Ribeiro
TENÈBRE, que pode ser traduzido como “As trevas”, grande estreia literária de Paul Kawczac, foi lançado no início deste ano pela canadense La Peuplade, está figurando em várias listas de pemiações literárias, e suas vendas ultrapassam 10 mil exemplares, uma enormidade se considerada a população total do Canadá francês. J’Ai Lu publicou na França em formato bolso, e direitos de tradução foram vendidos na Polônia, Espanha e Itália. Mais precisamente, o romance histórico de Kawczac já venceu o Prix des Lecteurs L’Express/BFMTV e está entre os três finalistas do Trouville – Pavillon Augustine, prestigiosos prêmios literários franceses. Também concorre ao Prix Louis Gilloux e ao Prix Première, este na Bélgica.
A crítica francófona acolheu TENÈBRE com entusiasmo e admiração pela visão tremenda que o romance oferece da experiência colonialista da Europa na África, no século XIX. Experiência que não pode ser esquecida no momento em que se aguçam as contradições raciais da atualidade. Está naquele passado comum a origem do ressentimento e do ódio entre os povos e as nações de hoje.
TENÈBRE narra a aventura de Pierre Claes, funcionário do governo belga enviado à África em missão de demarcação territorial, em um processo de desmantelamento do continente. Acompanha-o o chinês Xi Xiao, especialista em esquartejamento, que lê o futuro nas cicatrizes da terra. Viajando pela África Central, Claes entra em choque com os horrores do sistema colonial, é acometido de intensa melancolia e pede a Xi Xiao que o desmembre, assim como ele próprio fez com o continente africano. Mas Xi Xiao ama Pierre Claes e dita que os dois morrerão juntos. Um enredo arrepiante sobre um capítulo da história que urge ser relembrado.
Le Monde definiu o romance como “[…] um documento preciso sobre a colonização, incluindo seus aspectos mais ocultos, principalmente sexuais”. Uma narrativa política com emoções cruas e sublimes, catástrofes íntimas e coletivas, em que a violência, o erotismo e o destino são expressados com uma virtuosidade impressionante. No site da editora La Peuplade, há um vasto apanhado de resenhas e trechos de críticas, persuasivos da qualidade do romance de Kawczak.