Angélica Lopes, escritora e roteirista, autora de A MALDIÇÃO DAS FLORES, a sair pela Planeta, recomenda a leitura de “Garota, mulher, outras” (Companhia das Letras), de Bernardine Evaristo.
“Garota, mulher, outras”, de Bernardine Evaristo, é uma experiência daquelas na qual mergulhamos e não queremos mais sair. A autora nos conduz com maestria pela história de 11 mulheres e um personagem não-binário, imigrantes e descendentes de imigrantes vindos das ex-colônias da África e do Caribe, em sua nova vida na Inglaterra. Em épocas diferentes e com idades variadas, têm em comum o fato de serem mulheres negras (o personagem não-binário nasceu Megan) tentando encontrar/impor seu lugar naquela sociedade que também estão ajudando a transformar. O ritmo envolvente da escrita, que quebra alguns padrões de pontuação e de estrutura como num poema, é também uma prosa vertiginosa que nos insere nesse rico mosaico de trajetórias pessoais. Fiquei muito impressionada pela proposta única e ousada da obra, que pode ser lida como um romance, que fala sobre feminismo, sexualidade, raça e inclusão, mas também como um conjunto de contos independentes, que Bernardine cruza de forma sutil e elegante. Assim que terminei a leitura, fui imediatamente procurar outros títulos da autora, que é inglesa de pai nigeriano, todos anteriores ao premiado “Garota, mulher, outras”, o único com tradução para o português.